Pois é, não fui despedida.
E sim, devo ser um estupor mimado e egoísta, porque, com tanta gente sem emprego, eu deveria estar aos saltos e aos pulos de felicidade.
Estou? Não!
E sim, devo ser um estupor mimado e egoísta, porque, com tanta gente sem emprego, eu ando para aqui e para ali e para todo o lado a queixar-me, enquanto {segundo algumas opiniões} deveria estar aos saltos e aos pulos de felicidade.
Estou? Não!
E sim, devo ser um estupor mimado e egoísta, porque, com tanta gente sem emprego, eu acho mal trabalhar muito, ser mal paga, ser explorada, ter que levar com conversas de merda, enquanto deveria estar aos saltos e aos pulos de felicidade.
Estou? Não!
Como costumo dizer ao R., o que realmente custa, é levantar o traseiro da cama todas as manhãs e ir trabalhar. Custa muito muito menos ficar a ter conversas no café sobre a crise, o desemprego e blá blá blá...
Hoje {dia particulamente chato/aborrecido/merdoso} o plano é ir para casa beber...
E o plano não é um exclusivo meu.
Há por aí meia dúzia de alminhas que devem estar a fazer a mesma coisa...
Há pessoas que têm muita.
Outras pouca.
Outras ainda nenhuma. Inspiração...
Wall, é uma pequena cidade e Wall Drug é a loja/café dessa pequena cidade. Mas, é muito mais que isso... A loja é a cidade!
Podem ler a história aqui, que está contada na primeira pessoa e muito melhor do que alguma vez eu conseguiria fazer.
Factos importantes a reter:
1. A água gelada é grátis;
2. O café custa 5 cêntimos {não, não me enganei, é mesmo cinco!};
3. Têm umas tartes de maçã e de cereja daquelas mesmo boas;
4. Parece que estamos num filme.
Esta histórias deixam-me com os olhos a brilhar, a acreditar que, basta um dia, um momento, qualquer coisa que nos faça chegar lá... A única coisa que me falta descobrir é onde isso fica... {por umas horas foi em Wall, Dakota do Sul}.
O amor pode vir em forma de frasquinho {comprado na loja do chinês}, para guardar aquele resto de perfume que se salvou, quando a tua empregada decidiu atirar com um frasco ao chão...
Há uns dias li um artigo onde o tema principal era que, se pudesses escrever uma carta ao teu "futuro eu", o que escreverias?
E, ao mesmo tempo em que uma data de ideias {muito óbvias} me assaltavam, percebi que, na realidade, é difícil escrever tal carta, pois tudo muda e nós, inevitavelmente, também.
Quando tinha 20 anos eu já sabia tudo, agora, com quase 40, não sei nada de nada... e cada vez vou sabendo menos... {a minha "sabedoria" diminui à medida que a idade aumenta!}.
E pergunto-me: "Com 20 anos achavas que a tua vida ia ser o que agora é?"
E respondo-me {do alto da minha ignorância}: "Não sei..."
Não sei, porque não me lembro, ou lembro-me pouco, de quem eu era nessa altura. E porque agora, aos 40, sou o resultado das escolhas {ou da falta delas} que fiz aos 20.
Nem tudo é bom agora, tal como não era tudo bom há vinte anos atrás. E há coisas muito melhores agora e, outras, muito piores.
No meio de tudo isto, o que realmente me preocupa é a minha cabeça sentir-se com 16 anos...
Dias há em que é duro ver o copo meio cheio. Hoje é o dia.
Já não vamos para a alemanha {sinto os dedos a queimar ao escrever esta frase!}.
As coisas não correram da forma que queria e, por isso, resta-me a capacidade de me rir de mim própria.
O lado bom:
1. Posso continuar a dizer mal da Merkel à vontade;
2. Vou poder continuar a estar com a minha família e os meus amigos;
3. Vou continuar a viver na minha casa {que adoro!};
4. O coração da minha mãe vai ficar bem mais sossegado.
O lado mau:
1. Vou continuar a ser explorada {muito trabalho e pouco dinheiro};
2. Vou continuar a beber cerveja má {sim, porque a nossa cerveja é má mas eu não desisto!}.
Agora vou ali colar o coração, que está feito em cacos, e já volto...