À volta de uma mesa de um bar de jazz, copos de imperial, garrafas de minis e taças semi-vazias de pipocas, misturavam-se com maços de cigarros vazios, cinzeiros sujos e isqueiros coloridos.
Conversava-se sobre tudo e nada, daquelas conversas que se repetem ano após ano. Como está a tua vida, como está a minha, como vai o mundo, o melhor filme do ano, como vai o coração, está partido ou já sarou.
Quantas vezes disseste amo-te? Quantas vezes o sentiste? E como o sentiste? Foi sempre igual? Diferente? Porquê? O que foi que aconteceu no caminho?
Crescemos a ouvir amo-tes em todo o lado. E quase que nos sentimos obrigados a dizê-lo também, com receio de que algo fosse faltar à nossa existência.
Hoje já não dizemos. Ganhámos esse direito. Somos mais reais e mais maduros. Já não nos deslumbramos da mesma forma, o que não é forçosamente mau. Apenas não é igual.
Descansamos.
Voltaremos a dizer amo-te aos nossos netos.