Sábado à noite. Um grande esforço para sair, porque a cabeça só manda o corpo ficar deitado no sofá... mas não pode ser! Não pode! Vá! Bebe umas minis, diz umas barbaridades, acaba com os neurónios da amiga que acedeu (coitadinha!!!) em vir jantar contigo, põe um betume na cara, veste outra coisa que não seja o pijama e sai de casa.
Ok. Está bem. Vou sair de casa, mas que ninguém me diga nada, ninguém se meta comigo, que vou para dançar e beber e não para conversas de merda, daquelas ao jeito do engate pobrezinho, que hoje não estou com paciência. E mais! Se algum caramelo me diz que se chama R. dou-lhe uma sova! Tenho dito!!!
Bairro Alto. Clube da Esquina, vodka a saber a água. Segue. Não pares de beber e não penses em mais nada. Olha, vai mas é dançar, que expulsa as energias, as boas e as más, e dormes que nem um anjinho.
Jamaica. Um mar de gente, uma multidão às 2 da manhã. Coisa estranha. Será que só são mesmo 2 horas?!? Sim, são só mesmo duas horas...
Vai ao bar. Bebe imperial para não saires daqui de gatas, que à velocidade que as vodkas se bebem daqui a pouco estás com a cabeça na sanita. Vá! E agora vai dançar!
Abordagem 1:
- Vamos dançar os dois?
- Obrigada, mas não me apetece. Gosto de dançar sózinha.
- E como é que te chamas?
- T.
- Olá, eu sou o R.!
(não, não lhe bati. E foi pena.)
Abordagem 2:
- Olá!!! Então como é que se chama a menina?
- Não importa! Ou danças ou vais ter que sair desta zona. Aqui dança-se!
- Bolas!!! És mesmo antipática...
- Exacto. E como sou antipática e há toda uma discoteca cheia de miúdas simpáticas, porque é que não vais falar com elas?!?
- Porque te quero ajudar!!!
(não, também não lhe bati. E também foi pena.)
Vá. Vamos embora para casa, que a música acabou e já estás a ver duas portas onde sabes existir só uma.
Não digas tantos palavrões dentro do táxi.
Abre a porta, sobe as escadas e vai dormir que daqui a pouco os teus pais estão a tocar à campainha para o almoço de Domingo.
Todos querem viver no cimo da montanha, mas a felicidade está durante a subida.
(recebido por mail, porque nos fiordes também há internet e as auroras boreais levam-nos a olhar para dentro).
"Bem, como deves imaginar, durante a noite nao da para ver grande coisa da janela de uma camioneta, tirando o reflexo de nos proprios... Pareceu-me uma bonita metafora para a vida, olhar para o que sabia ser das paisagens mais bonitas que ha para ver aqui e apenas ver o meu reflexo. Como quem diz, "ha um mundo lindo la fora e tu so te ves a ti"."
Se, por acaso, me vires por aí,disfarça, finge não ver. Diz que não pode ser, diz que eu morri num acidente qualquer. Conta o quanto quiseste fazer, exalta a tua versão.Depois, suspira e diz que esquecer é a tua profissão. E ouve-se, ao fundo, uma linda canção de paz e amor...
Se, por acaso, me vires por aí, vamos tomar um café. Diz qualquer coisa, telefona, enfim, eu ainda moro na Sé. Encaixotei uns papéis e, não sei, se hei-de deitar tudo fora... Tenho uma série de cartas para ti, todas de uma tal de Dora... E ouve-se, ao fundo, canções tão banais de paz e amor...
Se eu, por acaso, te vir por aí, passo sem sequer te ver. Naturalmente que já te esqueci e tenho mais que fazer. Quero que saibas que cago no amor, acho que fui sempre assim. Espero que encontres tudo o que quiseres e vás para longe de mim. E ouve-se, ao fundo, uma velha canção de paz e amor...
Na sexta-feira, acho que te vi, à frente da Brasileira. Era, na certa, o teu fato azul e a pasta em tons de madeira. O Tó talvez queira te conhecer, nunca falei mal de ti. A vida passa e era bom saber que estás em forma e feliz. E ouve-se, ao fundo, uma triste canção de paz e amor...
Lai lai lai
Já António Sala(remember?!?) dizia que a vida é uma estrada bifurcada. E eu estou farta de bifurcações.
Estou assim a criatura mais baralhadinha do país. Já não sei quem sou e, o pior, é que não me consigo ver livre de mim.
Para (me?!?) compensar compro livros, que eu não sou uma gaja normal e a roupa não me levanta o humor. Hoje gastei 50 euros em livros, que não sei quando vou ter tempo para ler. Mas tê-los na estante e ter ficado mais pobre faz com que fique com menos peninha (juro que é a verdadeira e única palavra que descreve como estou comigo) de mim!
É uma peninha tão grande, tão grande, que só me falta passar a mão na minha própria cabeça e ir para uma reunião qualquer de qualquer coisa anónimos. Daqui a uns dias alcoólicos já dá, tendo em em conta a quantidade de álcool que tenho ingerido. E o mais grave, ou não, é que nem por sombras me apetece parar.
Os dias passam assim, um atrás do outro, e remeto-me a cumprir com as minhas mais básicas obrigações, num desespero interior que até dá pena, tal o quadro de miséria que se apresenta.
Por outro lado, estou farta de me queixar. FARTA!!! Mas não faço outra coisa e não me ajudo.
No trabalho não consigo manter uma conversa, as bimbis são umas chatas e só falam nos filhos e, enquanto isso, fujo para fumar. Eu sei lá se quero ter filhos! Tudo bem que o tempo não pára e que qualquer dia já nem é humanamente possível eu gerar nada, mas no pé em que as coisas estão nem quero saber!
Agora que já escrevi coisas non-sense ao som da Billie (Holiday, claro!) vou encher a banheira e tomar um banho, enquanto me tento esquecer de mim e de tudo e de todos. Dassssssssssss!
Que, pelos vistos, foi ontem (vá lá saber-se porquê...). Alguém no colégio estava hoje a falar nisso e até me deu vontade de rir e até me ri (não estou a fazer sentido, pois não?).
Enfim...
Hoje estou a sentir-me melhor. O meu amigo Universo lá deu as voltas que tinha que dar para tudo se resolver e estou aqui para as curvas, a beber minis e a fumar cigarros, enquanto tenho o coração na Noruega. Mas tudo bem. Se isto fosse fácil não era a minha vida!
Entalei o dedo (aquele que manda o pessoal para o car...) na porta do carro da minha colega T.M. e agora estou aqui a tentar escrever de uma forma que ainda não decidi se corajosa, se patética. Mas como as minis até me estão a saber bem, daqui a pouco estou anestesiada e deixa de ser um problema.
Entretanto, já decidi que vou ficar muito bem de novo, por isso, universo, vá lá a trabalhar para mim!
Olho para a esquerda, para a direita, para cima, para baixo, longe, perto. E não. Não é uma qualquer música para crianças com finalidades pedagógicas de noções espaciais. É mesmo a realidade, aquilo a que chamam vida. E que tem corrido mal a todos.
- Estás chateada comigo?
Não!!! Estou chateada COMIGO!!!
Por tudo e por nada. É quase por ser quem sou, como sou. Por não evoluir, por achar que todos os contos têm necessariamente que ser de fadas, com varinhas mágicas, e, nesta altura, já devia ter compreendido e assimilado que, varinhas mágicas, só aquelas que trituram os vegetais para a sopa.
Recuso-me a compreender a verdade mais elementar. Que não controlo a minha existência. Que dependo de outros. Até aqui tudo bem. Estamos todos no mesmo barco. Ninguém se basta a si próprio. Não para sempre. Não sempre bem.
A desilusão baseia-se mais no vício. No vício da companhia, das conversas, dos momentos que, claro!, são todos únicos e especiais.
Cresci a saber que as Cinderelas iam morar nos castelos no alto dos montes com os príncipes encantados, que outrora foram sapos viscosos. Alguém se esqueceu de continuar a escrever que, passado algum tempo, a Cinderela começou a tomar xanax para dormir e que o príncipe voltou à sua forma original.
Dou assim por mim com uma visão romântica do amor (seja lá isso o que for) e não entendo as complicações e hesitações e outras coisas terminadas em ões dos outros.
E passo mal. Tão mal, tão mal.
Recomponho-me, é certo. Sei de antemão que não vou morrer de tristeza, e que vai passar e que vou voltar a rir até ter dores no estômago. Mas quase que tenho a certeza que um desgosto de amor pode enlouquecer as pessoas.
Depois há as palavras. As que se dizem, as que ficam por dizer, as que queríamos ter dito e aquelas em que na altura em que abrimos a boca nos deveria cair uma bigorna ou um piano em cima.
Já nos disseram amo-te milhentas vezes. amo-te. amo-te. Amo-te tanto. Amo-te muito. Porque quando se está apaixonado todas as palavras parecem poucas para o expressar. E vamo-nos repetindo até à exaustão, até acharmos que o outro já sabe a forma absoluta e magnifica do nosso sentimento. On the other hand, um "já não gosto de ti" é dito uma vez. Só. Depressa e secamente, para não deixar dúvidas, para não haver lugar para desacordos. Mas, no final, aquilo que fica é a falta de amor a que somos votados e todas as horas boas se diluem.
E agora, que tenho o coração no Pólo Norte (literalmente), as coisas continuam difíceis e complicadas, porque quem vai apanha ar e quem fica apanha tudo o resto, sem isso ser necessariamente bom.
Putice!!! (literariamente falando, claro!).