"Espera aí que já levas nas lonas!!!" - Dona Maria {nome fictício}, 56 anos {idade fictícia mas para dar a ideia}, loura com raízes pretas {cor de cabelo também fictícia portanto}
Resposta imediata:"Camela, pá"
Ouvido há poucos minutos, enquanto estacionava o carro ao pé de casa.
Sou fã! {dos meus vizinhos do bairro social!}
Hoje, na minha hora de almoço, três meninas que já foram minha alunas {mas que agora já têm 9 anos} vieram ter comigo e, em estilo de declaração de amor, disseram: "T., temos muitas saudades tuas!! De estar na tua sala!". E plim!, babei-me {de amor}.
Há dias em que professor rima com amor.
Eu tenho 35 anos e não tenho filhos.
Cuido dos filhos dos outros e toda a vida estive na escola {entrei aos 3 anos e ainda de lá não saí}.
E tenho ideia de que {com as devidas excepções bem assinaladas} só a malta "fraquinha" é que anda para aí a procriar.
Tenho a sorte {sim, sorte. eu tento ver o copo meio cheio...} de morar paredes meias com um bairro social, daqueles já muito antigos. Sem barracas, mas ainda assim bairro social. Os meus vizinhos têm milhentos filhos e netos. Eu não tenho filhos, a maioria dos meus amigos também não e os que se atreveram só têm um. Ora isto, pensando na população de Portugal no futuro, quer dizer que vai haver mais malta "fraquinha" do que pessoas a pensar bem. E escrevo isto com plena consciência de que alguém achará que sou xenófoba ou snob ou qualquer coisa no meio. Mas não sou. E isso basta-me.
No sábado, na fila do supermercado, à minha frente estava uma família, o casal e um puto que devia ter 9 ou 10 anos. A criança estava a pedir qualquer coisa, ao que a mãe respondeu: "só se for maria". E eu pensei que o puto queria bolachas e que a mãe tinha indicado as bolachas maria. Fiquei bastante surpreendida {não sei o porquê de ainda me surpreender!!} quando o miúdo volta para a fila com a revista maria na mão. Não só a trazia na mão, como também estava super interessado a lê-la!
E depois ainda se acha estranho haver mais candidaturas a reality shows badalhocos do que à universidade.
São as crianças que temos. São as crianças que hoje educamos. E vão ser os adultos que, no futuro, vão fazer figuras de estúpidos para a televisão. Ou para o governo.
Dor.
Faz hoje 100 dias que não vinha aqui. Precisamente 100. E hoje vim. Por acaso. E vi que foram 100 dias.