Sábado à tarde. Eles não estavam juntos, apesar de caminharem lado a lado. A praia estava linda, como sempre. O sol de inverno mostrava-se como o coração dela: frágil e a brilhar meio a medo. Tinha sido tão bom quando se conheceram, e agora...
Sentaram-se numa esplanada. Conversaram. Até riram. E sorriram. Mas era desconfortável. Era plástico. Como se estivessem a cumprir um acordo de cavalheiros. O politicamente correcto.
Ela gostava muito dele. Ele gostava muito dela. Mas era difícil .
Ele apanhou, nessa noite, o avião para o Rio de Janeiro. Ela estava desiludia, espantada com a falta de amor. Sentia o mundo nas costas. Estava sem açúcar na voz.
Ele escreveu-lhe uma carta. À mão. Não um e-mail, mas sim uma carta. Queria mostrar-lhe que pensava nela. Que também ele era frágil e tinha medo. Que o desgosto pode enlouquecer as pessoas.
A Lisboa chegou o sol da primavera, depois o de verão e num daqueles dias em que cheira a castanhas assadas nas ruas do Chiado, ele procurou-a. Tinha voltado. De vez, dizia. Ela estava cheia da dúvidas.
Ela gostava muito dele. Ele gostava muito dela. Mas era difícil .