Não há lugar melhor para a observação da espécie humana do que uma filinha de trânsito. Os semáforos estavam avariados e os habituais 20 minutos entre o trabalho e casa transformaram-se no dobro. Mas tudo bem. Ainda me ri sozinha .
Estar dentro do carro dá aquela sensação de estar em casa. O problema é que não se está. E ainda pior é que há malta que acha que sim, e ocupa este tempo morto nas mais intimas tarefas. Limpar o nariz com os dedos (vulgo tirar macacos), rebentar borbulhas, arrancar pilosidades faciais, limpar a cera dos ouvidos, limpar os dentes ou até mesmo fazer a barba (sim, porque a minha amiga A.R . cruza-se com um senhor que faz a barba todas as manhãs em pleno IC19 ). Outras pessoas há que cantam, dançam, comem, falam ao telefone.
Tive então a oportunidade de assistir ao engate rápido em pleno engarrafamento. O senhor que estava no carro atrás do meu, jovem na casa dos 20 anos, não hesitou em mimar duas miúdas que passavam a pé com olás e anda cá e onde vão e por aí fora. Elas, contrariando as minhas expectativas, responderam aos apelos do rapaz e então foram calmamente conversando. Ele no carro, elas a caminharem ao lado. A isto chama-se sentido de oportunidade!