A minha avó materna é uma mulher fantástica.
Nasceu em 1917 (antes do azeite Gallo - a cantar desde 1919!!!) e cresceu numa família de 6 irmãos (cinco donzelas e um cavalheiro). Foi baptizada Rosinda mas em todos os documentos é Lucinda. Pelo que se sabe, o senhor do cartório percebeu mal o nome da criança, e pronto, não se fala mais nisso (é bom ver que a função pública funcionava tão bem em 1917 como hoje em dia :P).
Apaixonou-se pelo seu querido António (meu avô). Fugiu de casa com ele. Casou. Teve dois filhos (a minha mãe e o meu tio).
Actualmente é mãe, avó e bisavó!
No Verão fui visitá-la. Mora na aldeia alentejana de Bencatel, próximo de Vila Viçosa, onde nasceu, cresceu, se apaixonou, deu as primeiras beijocas no avô António, casou e teve os seus filhos. Morou lá quase sempre, excepto dois anos em que viveu em Lisboa, na Estrada de Benfica.
Nesse dia o calor intenso do Alentejo persistia e depois de um almoço cheio de iguarias alentejanas (uma refeição light, portanto...), só uma ideia me passou pela cabeça: "Que cigarro vou fumar agora!".
Fui para o quintal, sentei-me debaixo de uma grande nespereira (à boa maneira alentejana) e acendi um cigarrito. Estava eu a deliciar-me com este pauzinho do demónio quando vem a minha avó. Pára por uns segundos, coloca as mãos nas ancas, faz um olhar estilo el matador e diz : "Estas putas!!!! Sempre a fumar, sempre a fumar!!!", e eu "Ó Avó!!!!!!!!!!!". E ela riu-se, tal como uma criança se ri quando faz um disparate! E eu também me ri.
É esta a minha avó. Uma grande amiga que eu adoro.Meeeesmo muito.