Se há coisa que me irrita são os estereótipos. E, infelizmente, a minha escolha profissional está mesmo no centro de um. Sou educadora de infância. Ninguém me obrigou a sê-lo, foi uma escolha bastante consciente. Gosto de estar com os mais pequenos e isso torna o dia-a-dia mais fácil. Entra-se na escola e esquece-se tudo o resto.
No entanto, toda a gente está à espera que uma educadora seja apenas isso. Isto é, seja pura e casta, e viva para a profissão. E isto a mim dá-me cabo da cabeça, porque eu não poderia ser mais o oposto a isto. Sou mulher. Gosto de sair à noite, beber copos e dançar. Fumo. Aprecio uma boa noite de sexo. E, no meio de tudo o que me caracteriza enquanto pessoa, (TAMBÉM) sou educadora de infância.
Todavia, tenho consciência que foi a própria classe profissional que assim se definiu. Como referi anteriormente, estou a trabalhar num novo colégio e, as horas de almoço são assim um suplício. As minhas colegas só falam em crianças, nos filhos delas, nos sobrinhos, nos alunos... enfim, uma verdadeira seca! São capazes de ser as pessoas mais desinteressantes que conheci nestes últimos anos.
E não há lugar para falar de absolutamente mais nada. Já tentei falar de outras coisas, mas foi impossível continuar. Có-cós, xi-xis e máquinas de bombear leite do peito, isso sim, dá para conversar os cinco dias da semana!
Estou lentamente a chegar à conclusão que eu é que estou mal, pois toda a gente está feliz assim.
Resta-me meter a viola no saco e ir tocar para outra freguesia!