Desde que o ano começou tudo tem sido um esforço. Trabalhar, comer, dormir, ver filmes, conversar, respirar, levantar o rabo da cama pela manhã, tentar compreender coisas difíceis, sair à noite, beber copos... enfim...
E esforço-me porque não há outra forma de fazer as coisas, sendo que a opção que me restava seria a de me fechar em casa e deixar crescer o buço.
Mas não. Não dá.
Esforço-me porque cada dia continua a trazer surpresas, ainda mesmo que menos boas. Esforço-me porque há, de vez em quando, risos e sorrisos e coisas que valem a pena. Esforço-me porque há desconhecidos que se sentam na nossa mesa do café e divagam connosco sobre a vida. Esforço-me porque há amigos que regressam e outros que se reconhecem, apesar do tempo passado. Esforço-me porque acredito que estive num sítio muito feio e nunca mais quero para lá voltar. Esforço-me porque a vida é feita de um dia de cada vez e porque o amor e o carinho se encontram onde não estávamos à espera. Esforço-me porque gosto de mim, acredito em mim e quero-me bem. Quero-me bem.
E tanto esforço, de repente, deixa de ser esforço, e passa a ser a nova forma de ser e de estar com tudo aquilo que me caracteriza.