Cheguei agora a casa. Tenho sono e estou cansada. Os pés doem-me. Calcei aqueles sapatos giros mas desconfortáveis. As pálpebras pesam-me. Quem me manda a mim beber sangria. Já devia saber que o vinho me dá sono.
Sei que a forma como gosto de ti é problema meu. Sei ainda que o modo como o demonstro é ainda mais problema meu. E descobri agora, nestes dias solitários, que os subterfúgios que encontro para esconder o que sinto, esses sim, são um grande problema meu.
Há pouco ligaste-me. Quando o telemóvel começou a tocar pensei que era giro, eu estar a pensar em ti e tu telefonares-me. Depois apercebi-me do absurdo, visto que passo a maior parte do tempo em que estou a acordada a pensar em ti.
Sinto-me zonza.
Estou rodeada de pessoas que, com as suas certezas e opiniões tão cimentadas, me levam a não querer falar. É que já sabem tudo e eu não sei quase nada sobre tudo aquilo que há para saber. Mas ao invés de me incomodar apenas me deixa vontade de voltar para a minha concha. A pérola não é grande mas é minha e é das verdadeiras.
Um alarme de um Café tocou há pouco. Durante muito tempo.
Espero ver-te em breve. Espero encontrar-me entretanto. Acho que o meu GPS interior está avariado.