Quero escrever-te hoje porque não sei se vou voltar a ter coragem para pensar em ti em voz alta. Talvez daqui a uns anos te mostre o que escrevi ou talvez nunca possa fazê-lo. Não sei e não saber chateia-me. Além de uma besta já percebi também que sou controladora e esta nossa relação é algo que não posso controlar.
Tenho medo do que a tua não existência me possa fazer. Será que o que tenho será suficiente? Vou ficar maluquinha e andar de pijama a cirandar pelo bairro? Vou continuar a chorar-te? Vou aceitar que as coisas são como são e que mais vale um pássaro na mão que dois a voar? Não sei… Não sei…
Mas gosto de ti. Gosto muito e gosto muito de imaginar como seria se estivesses aqui ou quase aqui. Talvez esteja a romantizar a coisa e não fosse assim tão bom. Poderia mesmo até ser muito mau. Mas gostava que aqui estivesses.
E o tempo vai continuar a passar e eu a pensar em ti.
Desde que o ano começou tudo tem sido um esforço. Trabalhar, comer, dormir, ver filmes, conversar, respirar, levantar o rabo da cama pela manhã, tentar compreender coisas difíceis, sair à noite, beber copos... enfim...
E esforço-me porque não há outra forma de fazer as coisas, sendo que a opção que me restava seria a de me fechar em casa e deixar crescer o buço.
Mas não. Não dá.
Esforço-me porque cada dia continua a trazer surpresas, ainda mesmo que menos boas. Esforço-me porque há, de vez em quando, risos e sorrisos e coisas que valem a pena. Esforço-me porque há desconhecidos que se sentam na nossa mesa do café e divagam connosco sobre a vida. Esforço-me porque há amigos que regressam e outros que se reconhecem, apesar do tempo passado. Esforço-me porque acredito que estive num sítio muito feio e nunca mais quero para lá voltar. Esforço-me porque a vida é feita de um dia de cada vez e porque o amor e o carinho se encontram onde não estávamos à espera. Esforço-me porque gosto de mim, acredito em mim e quero-me bem. Quero-me bem.
E tanto esforço, de repente, deixa de ser esforço, e passa a ser a nova forma de ser e de estar com tudo aquilo que me caracteriza.
Na verdade, já me habituei a estar sem ti e espanto-me cada vez que penso nisso. Não é que eu não acreditasse em mim ou nas minhas capacidades, mas cheguei a duvidar delas. Dei-te ouvidos quando me dizias coisas inoportunas em momentos não mais oportunos.
Tinha medo que o ar deixasse de ser respirável pela força da tua ausência e comprovei o oposto.
Não sei quantas luas ainda irão passar para me passar, a mim, o vazio que cá ficou. Entretanto, vou-o preenchendo com coisas reveladoras do mundo que me rodeia e que aprendi a viver.
E decidi que me vou casar com o primeiro grande amor que me aparecer pela frente, pois não sei amar de outra forma nem tão pouco relativizar a paixão. Para mim, todos os amores são grandes, pois são os meus.
E as horas nunca voltam para trás.
Nesta manhã de nevoeiro, digna do regresso de D.Sebastião , estou toda partida, como previ ontem...Mas porque é que eu me meto nestas coisas??? Porquê?? Nem sequer em net-relações a- anos-luz-de-distância me consigo manter... trauma, é o que é!
A verdade é que estou mortinha de medo de começar a gostar de alguém. Não desta pessoa especificamente, pois nem sequer o conheço, mas tudo isto deu para perceber algo fundamental: que ainda tenho um longo caminho a percorrer e, por agora, é melhor ficar apenas comigo mesma (o que é já de si complicado!!!) e tentar sarar as feridas. Adoro tomar decisões sensatas!!!! :)