Quarta-feira, 3 de Outubro de 2012

pretend you're dead

Caro Gaspar, enquanto termino de fazer o jantar (um luxo, como podes observar! até faço mais do que uma refeição por dia e não são côdeas de pão seco), lembrei-me de te escrever umas linhas. Não para te mandar para sítios estranhos, nem para te chamar nomes mais simpáticos do que Rosa ou Aurora, mas para te fazer ver que, se continuas assim a chatear as pessoas, a tirar-lhes quase todo o ordenado e a fazer outras coisas que tais, é provável que te vás tornar uma pessoa muito solitária... E um rapaz da tua idade (aceita que já não vais para novo) deveria querer manter os amigos de sempre e, até quem sabe, fazer alguns novos. Preocupa-me que, daqui a uns tempos, quando quiseres ir para o jardim conversar e jogar cartas com os outros velhotes, ninguém fale contigo. Ou porque ainda estão chateados com aquilo que agora andas a fazer ou porque nessa altura já não sobre nenhum velhote para falar contigo.

Outra coisa que me preocupa é a tua saúde mental. Tens andado bem? Tens tido dores de cabeça? Insónias? Levantas-te da cadeira para ir fazer alguma coisa e a meio do caminho já não te lembras do que ias fazer? É que tens dito coisas do arco da velha na televisão. E logo na televisão, onde tanta gente te vê e ouve. É que se me disseres que andas um pouco demente, de cabeça perdida e que falas com elefantes cor-de-rosa que aparecem no teu gabinete para tomar chá, eu entendo. Agora, se me dizes que estás benzinho, não percebo como é que afirmas que a redução da despesa pública é inquestionável. É que te arriscas mesmo a que alguém numa próxima manif faça um cartaz a dizer que "Inquestionável é a tua tia!!!". Além disso esqueceste-te de mostrar às pessoas do nosso país como é que isso foi feito. E onde. E quando. Estás a ver por que é que me preocupa a tua saúde, Gaspar?

Outra coisa que não me pareceu lá muito sã, foi teres afirmado que a prioridade é cortar na despesa e na Educação. Ó Gaspar, pensa lá bem nisso... Cortar na despesa parece bem a toda a gente, mas vais fazer o quê? Vais começar a ir de metro para o Ministério das Finanças? Tem cuidado, que a estação , em época de chuvas, por vezes alaga e, já que andas mal da cabeça não vais querer também ficar constipado. E os almoços do Governo? Não me digas que vais instituir a sandocha e vai tudo de marmita para a Assembleia da República? E as comitivas e assessores? Também vão marmitar? E vais tu organizar tudo ou cada um traz o seu? Ainda bem que de números percebes tu. Se fosse qualquer um de nós (portugueses, entende) seria difícil mas tenho a certeza que tu vais conseguir fazer tudo bem e por pouquinhos euros por cabeça. Olha, até podes pedir uns conselhos a umas pessoas com quem trabalho que gastam apenas €0,30 pelo almoço de cada criança. São uns porreiros e tenho a certeza que não se importam de te dar umas dicas.

E agora, permite-me falar-te no cortar na Educação. Mais uma vez, arriscas-te a que surja um cartaz numa manif a dizer "Vai cortar na tua tia, ó palhaço!!!". A parte do palhaço já é criatividade minha mas, e tu sabes como eu gosto de ti, é apenas para te preparar para o que poderá aí vir. A Educação é fundamental, Vítor. E, lá bem no fundo, tu sabes disso. Ora pensa no país que queres ter no futuro. Queres que Portugal seja um país onde, daqui a uns anos, haja mais candidatos a um reality show do que ao Ensino Superior? Ou queres pessoas formadas, inteligentes, capazes de pensar pela própria cabeça, hum? Vê lá bem isso, que o futuro chega depressa e, quando deres por ti, a televisão estará a transmitir (e em canal exclusivo) um programa composto por jovens obtuso-avacalhadas e respectivos machos para as cobrir. E tu não queres isso, pois não?

E, para terminar esta nossa conversa, quero ainda dizer-te que se estás a pensar matar todos os idosos e os doentes através dos cortes na Saúde, e se não queres que as crianças e os jovens estudem, e se queres tirar o dinheiro a toda a gente que trabalha honestamente, há já alguns anos a esta parte (por volta de 1939 até aí a meados de 45) viveu, na Alemanha, um senhor, que tinha umas ideias muito parecidas com as tuas mas, correu-lhe mal, apesar de ter conseguido provocar uma grande desgraça. Olha, a pessoa ideal para te contar essa história deve ser aquela tua amiga alemã, a Ângela. Convida-a para comer uma canja e pergunta-lhe.

Vá, vou jantar que já é tarde. Tu cuida-te e, não vá o diabo tecê-las, vai ao médico ver a cabeça. Se tiveres um smart phone é mais fácil. O tradutor instantâneo é óptimo a traduzir de castelhano para português.

A tua amiga,

T.

 

publicado por daily às 20:31

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Segunda-feira, 27 de Junho de 2011

ora, anda cá avaliar-me! (se fores capaz...)

Sim, eu também faço parte daquela classe de pessoas que após a Universidade não eram avaliadas, ou, pelo menos, não o eram formalmente. É que, ser professor, é quase como ser jogador de futebol (mas sem o dinheiro e com mais conjugações além da 3ª pessoa do singular): toda a gente dá palpites, toda a gente sabe mais que tu, toda a gente tem uma palavra a dizer e toda a gente faria muito melhor trabalho se estivesse no teu lugar. Mas, na realidade, não é toda a gente que está lá. Somos só uns quantos, que ainda achamos que podemos mudar isto e formar mentes boas para que, na idade da reforma, Portugal seja governado por alguém um bocadinho melhorzinho e que não dê erros ortográficos. Ah! E somos também os únicos, ou dos poucos, que compramos material do nosso bolso para podermos trabalhar! (mas isso agora não importa)

E cá estou eu a braços e mãos e cabeça com o meu relatório de auto-avaliação, onde tenho que escrever porque é que sou boa professora e porque razão a minha entidade patronal me deve dar mais uns trocos no próximo no lectivo. E eu escrevo, com aquele gostinho de quem está na faculdade, mas com mais dinheiro (vá lá!) e também mais responsabilidade.

Eu não sou contra a avaliação dos professores. Juro que não. Não suporto são os moldes em que é feita. Então vamos lá ver: tive uma (sim, UMA) aula observada pelos meus superiores, ao longo de todo o ano lectivo. E avisaram-me do dia e da hora em que iriam estar na minha sala. Agora pergunto: mesmo se eu fosse um estupor, cheia de más intenções e de práticas ainda piores, não iria eu, nessa meia hora, ser espectacular?!?!?

E agora tenho que escrever uma data de coisas, giras até, mas que, mais uma vez, eu poderia ser um estupor e escrevê-las na mesma.

E agora a pergunta para os €5000: PORQUÊ?!?!? PARA QUÊ?!?!? EM QUE MEDIDA É QUE ISTO VAI DISTINGUIR OS BONS DOS MAUS PROFESSORES?!?!?

Na realidade, penso que não serve para nada... a não ser para me f#&»" o fim-de-semana!

Foram à praia? Eu não!

Pfff{#emotions_dlg.brrrpt}

 

 

sinto-me:
publicado por daily às 18:22

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Quarta-feira, 3 de Março de 2010

Também aceito visa!

Num destes dias arrastaram-me, com promessas de um jantar de sushi e de sangria, para uma palestra do Eduardo Sá. Gosto daquilo que diz, não tanto pelo conteúdo em si, mas porque me põe a pensar e isso, por si só, é positivo.

Dizia ele (suscitando um aplauso de algumas pessoas do público) que as Educadoras de Infância deviam ser tão bem pagas como um magistrado do Supremo Tribunal de Justiça. Deviam. Deviam. E este verbo ficou a aqui na minha cabeça a marinar até que se revelou numa grande dose de mau feitio, misturado com raiva e injustiça.

Claro que as Educadoras deviam ser mais bem pagas. Claro que EU devia ser mais bem paga! Mas estou farta do verbo dever e de ninguém fazer nada!

Sou eu que crio os vossos filhos, que lhes mostro arte, música, histórias, que os faço rir, sorrir, que lhes limpo as lágrimas, o nariz e o rabo. Sou eu que passo o dia com eles, que os vejo crescer, que me rio da coisas maravilhosas que dizem, que lhes mostro que o mundo não é perfeito, que lhes ensino o que é o olfacto e um quadrado. Sou eu que lhes dou colo quando estão doentes, que lhes canto os parabéns quando fazem anos, que os ajudo a preparar surpresas para o pai e para a mãe. Sou eu que os ensino a comer com faca e garfo, a distinguir a mão esquerda da direita e a contar até 20. Sou eu que lhes digo que partilhar é bom, que dar pode ser melhor que receber e que bater não é bonito. Sou eu que os preparo para a vida que aí vem!

Mas sim. Continuem a fazer salamaleques aos juízes, aos ditos "doutores". Continuem a achar que ganham de acordo com a sua responsabilidade. Paguem mundos e fundos a quem manda os gatunos para a cadeia, ser for legal fazê-lo e não ferir nenhum tipo de susceptibilidade.

O problema é que além de mal pagos, pouco respeitados e ignorados, os professores são os únicos profissionais que conheço que têm que levar material para o local de trabalho. Um médico não compra soro para ministrar aos seus pacientes, nem um pedreiro compra tijolos para concluir uma obra. Eu compro o que tiver que ser, pois de outro modo não tenho com que trabalhar da forma que eu acho que deve ser.

E continuem a achar que quem vive a vida dos vossos filhos devia ganhar mais. Porque um simples pensamento pode deixar-nos dormir de consciência tranquila...

 

sinto-me: pfffffffffffffffffffffffffffff
publicado por daily às 18:40

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