{e é por isso que vou agora para a cozinha fazer cupcakes de chocolate com recheio de leite condensado e doce de pêra, com cobertura de brigadeiro. Like? Like!}
Era o nome dela. Da minha tia-avó. E foi tão minha avó como a minha avó.
E hoje lembrei-me dela, porque há pessoas que ficam para sempre nas nossas vidas, apesar de ausentes.
Conheci-a quando nasci, ao mesmo tempo que conheci os meus avós. Já ela era velhota ou, pelo menos, assim me parecia. Do alto dos dois, três, quatros anos de idade (ou daquilo que a nossa memória se consegue lembrar) todas as pessoas com mais de 20 anos eram velhas. Umas mais que outras, mas ela encaixava-se no ser velhota como uma avó.
Eu era a única sobrinha-neta que tinha e o meu pai o único sobrinho (sim, isto do filho único corre-nos no sangue) e assim, quando ficámos sem ela nas nossas vidas (um dia daqueles mesmo triste, como se nos tivessem arrancado um pedaço do coração) eu quis ficar com tudo o que havia em casa dela. Não pelo valor ou pelo dinheiro, mas para poder lembrá-la e visitá-la quando me apetecesse. E vieram os álbuns de fotografias, almofadas giras que ela própria fazia e todas as louças que havia lá em casa (já diz o outro... as gajas pelam-se por porcelana!).
E hoje lembrei-me dela porque ando encantada com um conjunto de copos, que estavam numa caixa, enrolados em papel crepe cor-de-rosa. E, cada vez que me apetece um copo de vinho, vou buscá-los. E sabe muito melhor. Sabe à casa da Tia Felicidade.
Há pouco tempo, em conversa com a minha mãe, soube o porquê de ela nunca ter casado. Teve um namorado, um grande amor, que se apaixonou por outra mulher quando estavam noivos e ela nunca mais quis amar ninguém da mesma forma. Fiquei a pensar que hoje já não somos tão românticos, dramáticos. Quando não resulta procuramos outra coisa. Somos mais simples mas talvez sintamos menos as emoções.
A Tia Felicidade era o contrário daquilo que imaginamos ser uma pessoa só e que sofreu por amor. Era doce, meiga, carinhosa, sempre com uma palavra engraçada para dizer a todos. A vida, que ela escolheu ou aquela que se lhe apresentou, não a moldou. Ela era exactamente aquilo que queria ser. Com os seus desgostos. E os seus amores. E saber isso faz-me bem.
Todos querem viver no cimo da montanha, mas a felicidade está durante a subida.
Cada um de nós tem a sua forma de estar no mundo. Age e reage de acordo com ela. Talvez seja por isso que nos estejamos sempre a surpreender uns aos outros.
Namorámos 7 anos. Vivemos juntos quase 6. E agora, 2 anos depois de estarmos separados, ainda não perdeste a capacidade de me deixares com um ponto de interrogação na testa, o que é, de facto, impressionante.
A J.A. diz que és egoísta, e és. A A.R . diz que eu não tenho nada a ver com aquilo que estás a viver, que não é problema meu, e não é. Ambas têm razão.
O mais ridículo P., é foste tu quem quis voar, conhecer outras coisas e pessoas. Eu estava de rastos e tu ias viajar. Eu chorava e tomava antidepressivos , e tu divertias-te pelas discotecas de Lisboa. Eu tinha os meus amigos de sempre e tu andavas a conhecer meio mundo, no auge das tuas relações sociais .
Mas a vida é fascinante pelas mudanças que opera em si mesma. E agora que sou eu quem viaja, vai às discotecas e conhece pessoas, não ficas um bocadinho feliz por mim... Apenas perguntas, tipo abutre à espera da desgraça, se não vou ter uma recaída...por ti! És uma pessoa excelente, adoro-te, mas agora estás a ser um autentico estupor!
E não! Não vou ter recaída nenhuma porque simplesmente já não mexes com os meus botões!! E deve ser isso que te deixa mal, porque afinal eu sempre fui o teu porto seguro, e agora o porto fechou as portas! Percebeste, finalmente, que nunca irás voltar para mim, não porque não queres, mas sim porque EU não quero.
Senti-me a estupidificar quando te perguntei se querias que me afastasse de ti, para que a minha felicidade não te impedisse, a ti, de ser feliz. Sabes que mais? Não quero saber! Não me interessa! Terás sempre a minha amizade incondicional. Mas é só isso que terás...