Eu tenho 35 anos e não tenho filhos.
Cuido dos filhos dos outros e toda a vida estive na escola {entrei aos 3 anos e ainda de lá não saí}.
E tenho ideia de que {com as devidas excepções bem assinaladas} só a malta "fraquinha" é que anda para aí a procriar.
Tenho a sorte {sim, sorte. eu tento ver o copo meio cheio...} de morar paredes meias com um bairro social, daqueles já muito antigos. Sem barracas, mas ainda assim bairro social. Os meus vizinhos têm milhentos filhos e netos. Eu não tenho filhos, a maioria dos meus amigos também não e os que se atreveram só têm um. Ora isto, pensando na população de Portugal no futuro, quer dizer que vai haver mais malta "fraquinha" do que pessoas a pensar bem. E escrevo isto com plena consciência de que alguém achará que sou xenófoba ou snob ou qualquer coisa no meio. Mas não sou. E isso basta-me.
No sábado, na fila do supermercado, à minha frente estava uma família, o casal e um puto que devia ter 9 ou 10 anos. A criança estava a pedir qualquer coisa, ao que a mãe respondeu: "só se for maria". E eu pensei que o puto queria bolachas e que a mãe tinha indicado as bolachas maria. Fiquei bastante surpreendida {não sei o porquê de ainda me surpreender!!} quando o miúdo volta para a fila com a revista maria na mão. Não só a trazia na mão, como também estava super interessado a lê-la!
E depois ainda se acha estranho haver mais candidaturas a reality shows badalhocos do que à universidade.
São as crianças que temos. São as crianças que hoje educamos. E vão ser os adultos que, no futuro, vão fazer figuras de estúpidos para a televisão. Ou para o governo.
Dor.
Eu gosto dos Estados Unidos! Gosto, pronto.
O R. tirou esta foto algures no estado de South Dakota, após estarmos há dois dias a atravessar campos de milho e de batata (eu, a conduzir um Camaro:)).
E isto é aquele país: malta sempre de um lado para o outro, doidos em cada esquina (ou estrada), mas todos com esperança no futuro. Não falámos com ninguém que não acreditasse. Que não tivesse planos. E ficámos cheios de inveja e profundamente tristes.
Somos, de facto, muito diferentes. E nesta altura temos uma diferença enorme: eles têm esperança (no futuro, na vida, uns nos outros, em qualquer coisa) e nós não (em nada). Já não é só um oceano que nos separa.
Quanto a mim, a única pena que tenho acerca da re-eleição do Obama é que ele não seja o presidente do meu país.
Agora, gostava de ser americana.
E também de ter esperança.
Vou ali fazer blueberry muffins e já volto...
É sexta-feira, menos mal. Um cigarro e um copo de Alento 2010. Tinto, que eu sou pelo vinho tinto.
Hoje isto para aqui (entenda-se a minha cabeça) está uma confusão.
Odeio esta merda toda. Odeio o sítio onde trabalho. Odeio os meus dias, cada minuto que passo entre aquelas paredes. Odeio este governo. Odeio esta puta da austeridade inventada para me comer a vida, os sonhos e o futuro. Odeio ter que me preocupar com dinheiro. Odeio dinheiro. Odeio o filho da puta do velho que gere os meus dias úteis (leia-se director). Odeio não lhe poder dar um murro na tromba quando fica fixamente a olhar-me para o decote. E odeio simplesmente não lhe poder dar um murro na tromba porque ele merece. Até merecia mais do que um.
Preocupa-me não conseguir sair daquele sítio, não conseguir arranjar outro emprego. E eu não sou daquela malta que se queixa e nada faz. Eu tenho ido à luta. Por todo o lado. Vou a entrevistas em Lisboa. Em Bruxelas. Até durante o verão, ao visitar a sede da Nações Unidas em Nova Iorque, massacrei tanto a guia sobre como conseguir ir trabalhar para lá que, no final da visita, a pobre senhora fugia de mim. Ela não entendeu o meu desespero.
Já não gosto de viver aqui. A luz de Lisboa já não me fascina. Já não é bom voltar a casa no fim de uma viagem. Este país já não é a minha casa. E o sentimento é tão triste que alegremente deixaria tudo para trás.
Odeio a falta de empenho das pessoas. A falta de profissionalismo. Odeio quem dorme à sombra da bananeira e passa as suas responsabilidades para os outros. Odeio esta forma tipicamente portuguesa de encarar as coisas. Odeio que um jogo de futebol distraia todos daquilo que é realmente importante. Odeio fazer parte de um país com tantos ignorantes, que não pensam nem sabem pensar.
Odeio estes corruptos de merda, filhos de uma grande puta, deviam estar todos presos e não a receber pensões vitalícias pagas com o esforço do meu trabalho. Fodei-vos todos!!! - parafraseando alguém que conheci há uns tempos atrás.
Odeio não controlar a minha vida, o meu futuro e que a minha existência seja manipulada por escroques, para quem sou apenas um número. E é tão fácil fazer coisas más a números.
E fico aflita. Os meus amigos estão, na sua maioria, a ter filhos. Porque ter filhos faz parte da vida e dos sonhos das pessoas. E porque é assim que está bem. Mas preocupa-me para que raio de sítio se está a trazer um ser humano. Será que vão ter condições para lhe dar uma vida boa? Será que vão ter dinheiro para tudo? Esta semana tive uma troca de ideias mais acesa com um colega que me dizia: "Eu tenho um filho e quero ter mais dois. Cá fora tudo se cria!". Mentalmente chamei-lhe ó minha besta. Mas contive-me e expliquei-lhe que isso é conversa do tempo dos nossos avós, quando as pessoas comiam daquilo que a horta dava e que aos dez anos iam trabalhar para o campo. Agora, o tudo se cria, é uma prestação mensal num colégio, são aulas de ballet, judo e natação, são brinquedos cromos e caros, são roupas, livros escolares e tudo o resto. E entre muitas outras coisas que dissemos um ao outro já não sei quem ficou mais triste.
E pronto. Hoje estou assim.
Vou ali beber mais vinho. Ontem foi uma garrafa. Hoje deverá ser outra.
Nunca fui boa a fazê-los. E descobri cedo, ainda na escola secundária, onde (e nem sei muito bem porquê) tinha uma disciplina de contabilidade. Tínhamos que fazer balanços de empresas fictícias e recordo-me que no final os valores tinham que coincidir. Claro que nunca consegui realizar tal feito e apenas passei com nota positiva porque era boa aluna em tudo o resto. :)
Parvoíces à parte, balanços não é comigo. Não dá. Não sou objectiva e perco-me em divagações. Sou mais para a filosofia.
No ano que estamos agora a deixar houve espaço para muita coisa. Boa e menos boa. O humor foi flutuando como as estações do ano, entre excessos e privações de tudo e mais alguma coisa. O equilíbrio, esse, é o mais complicado de conquistar.
Como as resoluções para 2008 ainda estão meio por realizar (algumas!!!) este ano não me resolvi a fazer nada no próximo. Vou andar ocupada a viver com o que surgir e logo se verá.
A todos um bom ano de 2009. Vão beber porque dia 1 de Janeiro sem ressaca não tem sentido.
À volta de uma mesa de um bar de jazz, copos de imperial, garrafas de minis e taças semi-vazias de pipocas, misturavam-se com maços de cigarros vazios, cinzeiros sujos e isqueiros coloridos.
Conversava-se sobre tudo e nada, daquelas conversas que se repetem ano após ano. Como está a tua vida, como está a minha, como vai o mundo, o melhor filme do ano, como vai o coração, está partido ou já sarou.
Quantas vezes disseste amo-te? Quantas vezes o sentiste? E como o sentiste? Foi sempre igual? Diferente? Porquê? O que foi que aconteceu no caminho?
Crescemos a ouvir amo-tes em todo o lado. E quase que nos sentimos obrigados a dizê-lo também, com receio de que algo fosse faltar à nossa existência.
Hoje já não dizemos. Ganhámos esse direito. Somos mais reais e mais maduros. Já não nos deslumbramos da mesma forma, o que não é forçosamente mau. Apenas não é igual.
Descansamos.
Voltaremos a dizer amo-te aos nossos netos.
Falta menos de um mês para que cumpra os meus 30 anos. Se estou preocupada? Mais ou menos... Feliz? Nem por isso...
Não olho com grande animação para o facto de ser mais velha e de algum dia chegar mesmo a ser velha! Assusta-me, pronto!
Consigo já ver algumas mudanças no meu corpo e não estou a gostar. Reserva-me o futuro a compra de cremes reafirmantes, estruturantes, antioxidantes e afins? A verdade é que a minha pele já não é a mesma... (estou a ficar deprimida com esta conversa)
Ainda (note-se o ainda)não tenho muitas rugas, as que tenho são de expressão. De rir, de chorar, de me zangar, de me emocionar, de amar, de detestar, de estar feliz, de me sentir desiludida... enfim, de um cem número de coisas que acontecem quando estamos vivos.
Custa-me imaginar a vida sem avós e tias-avós e essas coisas todas, mas como inevitavelmente o tempo passa, o melhor mesmo é não pensar muito no assunto...
O que quero concretizar, mas não sei se irei fazê-lo, nem até quando é que vou querer... talvez em Fevereiro já tenha objectivos completamente diferentes.
Resoluções para 2008
- Viajar mais: mykonos, santorini, barcelona, madrid, varsóvia, cracóvia, amesterdão, morro de são paulo e nova iorque;
- Ser mais saudável: fumar menos e beber menos;
- Tornar-me vegetariana;
- Apaixonar-me;
- Começar a praticar algum tipo de desporto...qualquer coisa... até tiro ao alvo, mas começar!!!!!
- Arranjar um emprego que eu goste mesmo ou sair de vez do país;
- Rir ainda mais (apesar de o 2º semestre de 2007 ter tido muita risota!!!);
- Ser mais organizada;
- Remodelar a minha casa;
- Fazer um piercing;
- Eliminar de vez as pessoas que andam na minha vida apenas para chatear!
- Conhecer pessoas que realmente valham a pena;
- Ter novas experiências;
- Gostar mais de mim;
- Não ser tão insegura;
- Esquecer o P.;
- Esquecer o J.;
- Não perder a semana de Boom Festival em Agosto;
- Increver-me (de uma vez por todas!!!!!!) no workshop de escrita criativa;
- Passar mais tempo com os meus sobrinhos Francisco e Catarina;
- Tirar as "tais" fotografias fantásticas no parque ao pé de casa;
- Pintar as telas que estão em branco, no canto da sala, há meses a fio.
A ver vamos...