Este fim-de-semana dei de caras com um antigo namorado, daqueles que eram mesmo paixões profundas, ou não tivesse eu na altura quinze anos. Dei de caras com ele e com o respectivo rebento, uma criatura já para aí com dez anos.
Está careca e mais gordo. Mas pareceu-me bem. Não sei se feliz, mas bem.
Pensei em mim. E nele. Há dezassete anos atrás estávamos os dois no mesmo sitio, partilhávamos gostos e opiniões. Éramos "iguais".
Agora nem por isso.
Ele deve ter feito o que todas as pessoas crescidas fazem: casou, teve filhos e deve ter um empréstimo ou dois. Eu, por outro lado, faço as mesmas coisas que fazia aos quinze anos: estou com os amigos, saio à noite, vou viajar. A única diferença que vejo é que agora trabalho em vez de estudar e tenho mais liberdade e mais dinheiro.
E isto deixou-me feliz!
"Porra T." - pensei - "Do que tu te livraste!!!"
Se todos gostássemos do amarelo, o que seria do azul...
Como hoje a sociedade nos formatou para estarmos todos apaixonados e fofinhos (tipo Natal, mas apenas com um destinatário), e como isto das convenções me aborrece solenemente, não vou jantar com o R., nem fazer nenhum programa estúpido.
Vamos os dois jantar com a malta e depois copos e tal, porque afinal, durante este tempo, o núcleo duro também tem namorado connosco.