[La Dormeuse - Tamara Lempicka]
Hoje, enquanto saboreava o café pós almoço, lia um daqueles jornais gratuitos que alguém deixara esquecido em cima da mesa do café. Intrigou-me um artigo que referia que as relações mais duradouras são aquelas em que o homem é menos atraente ou bonito que a mulher. Isto, segundo uma qualquer universidade dos Estados Unidos (claro!). Os investigadores justificavam que se a mulher for mais bonita, o homem esforça-se mais emocionalmente, tentando assim compensar essa sua "lacuna" física. Como tal, são mais carinhosos com as suas belas companheiras, dando-lhes muito mais atenção.
Hummmm.... pensei.... E onde é que isto me deixa a mim?!?!? Hummmm.... repensei... não importa! Na verdade, existem vários tipos de beleza: a convencional, a interior, a exterior, ambas, a relativa e a falta de. Cada um de nós é atraído por aquilo que mais gosta. E isso não tem que ser necessariamente um sorriso perfeito ou uns olhos fantásticos. Por vezes, basta uma frase ou uma gargalhada para que tenhamos uma enorme vontade de conhecer melhor alguém. Aliás, há ainda quem defenda que tudo não passa de uma reacção química, mas, pessoalmente, gosto mais de acreditar na atracção, na paixão, no amor e nessas coisas todas!
Mas, e não vá o diabo tecê-las, depois do café, fui arranjar as unhas...
Ando completamente atrapalhada... A cabeça a 1000, o coração a 2000 e o resto de mim a arrastar-se entre estes dois... Voltar a ter um namorado está a revelar-se bem mais complicado do que estava à espera. Não por falta de sentimento ou vontade, mas encaixar uma nova pessoa, com a respectiva bagagem, não é pacifico.
Habituei-me a não ter uma série de coisas e agora que voltei a tê-las nem sei se as quero... Claro que é óptimo ouvir um até amanhã mesmo antes de ir dormir, ou ficar na conversa na cama num sábado de manhã, mas há momentos a dois que não consigo voltar a gostar.
Devo-me ter tornado mais egoísta pelo caminho e assim torna-se desastroso querer amar alguém. Provavelmente vou conseguir deitar tudo por terra em dois tempos, mas faço o que posso, e não me quero obrigar a mais.
Sinto-me a perseguir uma felicidade qualquer que eu acho que existe, mas que constantemente questiono.
Há dias em que me queria ver livre de mim, mas não consigo. Não dá para me livrar de mim própria...
O Amor faz-nos ter atitudes idiotas! E não estou a falar dos estúpidos nomezinhos que arranjamos para a cara metade, do falar à bebé para um caramelo de 90kg ou de papar as secas dos jantares da família "dele".
Escrevo sim sobre o facto de a mulher estar quase geneticamente programada a desistir de si própria em prol de uma relação. E isto acontece sempre. Nós, mulheres , acabamos por nos apagar como seres únicos e individuais, para que um sentimento de parceria, de pertença a algo surja.
Deixamos de nos encontrar com os nossos amigos, deixamos de sair à noite, de ir ao cinema, de ir dançar, enfim, deixamos de viver. É uma sorte continuarmos a respirar sem o auxílio da criatura que anda lá por casa. Se estar apaixonado é um estado de graça (e eu acredito nisso), por consequência , estar dentro de uma relação faz-nos entrar num estado de desgraça.
E porque o fazemos? Genética ? Estupidez? Em nome do amor? Mas quem nos pediu isso? E se ninguém nos pediu, porque o fazemos? Genética ? Estupidez? Em nome do amor? É uma bola de neve...
Como tal, tornamo-nos transparentes, esquecidas de nós próprias. Sem vontade. Sem prazer. E no final, sem amor.
Quem vai amar um ser inanimado, sem vontade, sem respeito e sem futuro?