Ontem à tarde dei por mim a planear a próxima viagem aos Estados Unidos.
Se tenho uma data para ir? Não.
Se tenho dinheiro para ir? Não.
Se tenho um mês de férias? Tenho, mas o R. não tem, por isso a resposta é não.
Mas tenho tudo planeado. As cidades, os percursos, os restaurantes, o carro que quero alugar, enfim, está tudo preparado!
Amigo universo, vá, está na hora de cooperares {assim tipo com o euromilhões...}.
Era o nome dela. Da minha tia-avó. E foi tão minha avó como a minha avó.
E hoje lembrei-me dela, porque há pessoas que ficam para sempre nas nossas vidas, apesar de ausentes.
Conheci-a quando nasci, ao mesmo tempo que conheci os meus avós. Já ela era velhota ou, pelo menos, assim me parecia. Do alto dos dois, três, quatros anos de idade (ou daquilo que a nossa memória se consegue lembrar) todas as pessoas com mais de 20 anos eram velhas. Umas mais que outras, mas ela encaixava-se no ser velhota como uma avó.
Eu era a única sobrinha-neta que tinha e o meu pai o único sobrinho (sim, isto do filho único corre-nos no sangue) e assim, quando ficámos sem ela nas nossas vidas (um dia daqueles mesmo triste, como se nos tivessem arrancado um pedaço do coração) eu quis ficar com tudo o que havia em casa dela. Não pelo valor ou pelo dinheiro, mas para poder lembrá-la e visitá-la quando me apetecesse. E vieram os álbuns de fotografias, almofadas giras que ela própria fazia e todas as louças que havia lá em casa (já diz o outro... as gajas pelam-se por porcelana!).
E hoje lembrei-me dela porque ando encantada com um conjunto de copos, que estavam numa caixa, enrolados em papel crepe cor-de-rosa. E, cada vez que me apetece um copo de vinho, vou buscá-los. E sabe muito melhor. Sabe à casa da Tia Felicidade.
Há pouco tempo, em conversa com a minha mãe, soube o porquê de ela nunca ter casado. Teve um namorado, um grande amor, que se apaixonou por outra mulher quando estavam noivos e ela nunca mais quis amar ninguém da mesma forma. Fiquei a pensar que hoje já não somos tão românticos, dramáticos. Quando não resulta procuramos outra coisa. Somos mais simples mas talvez sintamos menos as emoções.
A Tia Felicidade era o contrário daquilo que imaginamos ser uma pessoa só e que sofreu por amor. Era doce, meiga, carinhosa, sempre com uma palavra engraçada para dizer a todos. A vida, que ela escolheu ou aquela que se lhe apresentou, não a moldou. Ela era exactamente aquilo que queria ser. Com os seus desgostos. E os seus amores. E saber isso faz-me bem.
Fico feliz por, pelo menos, uma de nós estar realmente viva... (e fico feliz que sejas tu!)
[piscolo]
A viagem a Praga foi iluminada. Por tudo e por todos. Ficou a vontade de regressar brevemente, tal como se regressa a uma casa que um dia já foi nossa.
Tenho saudades tuas. Daquelas saudades que me cansam o peito e fazem a barriga doer. Nunca me curei de tua morte e agora acho que nunca irei fazê-lo.
Sinto falta dos teus beijos, dos teus abraços e de ser princesa pelas tuas palavras doces e gentis, de um cavalheiro de outros tempos.
Lembro-me dos teus olhos tão azuis, que eu não tenho. E lembro-me do teu nariz esquisito e do teu mau-feitio, que tenho, tal como tu. Igual a ti.
Quando passo pela tua casa sinto uma esperança quase infantil de ainda te ver lá, à porta, a sorrir.
E choro, mil vezes, mil lágrimas. Faço uma birra a mim própria, não querendo acreditar que nunca mais te vou ver, tocar as tuas mãos ou rir-me das tuas graças, também elas de outros tempos.
E escrevo-te, porque não sei fazer mais nada. Porque me viste surgir no mundo e eu tive que te ver sair dele.
aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
e lá vais tu...
agora a quem vou pedir uma chaveninha de arroz?!? ou de açúcar?!?
e quem vai ficar com a chave da minha casa?!?
mas isto não é sobre mim... é sobre ti! É maravilhosamente sobre ti!
mas custa-me... custa-me barcelona!
e lá vais tu... e vou contigo, tal como ficas comigo! De outra forma não poderia ser.
e lá vais tu...
[Flickr - Galeria de Katherine Elizabeth]
Where's the good in goodbye?
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