Nas salas de jardim de infância há {quase sempre} uma educadora {me} e uma auxiliar {a M.}.
Eu sou mais velha do que ela dez anos, o que é bom, pois temos perspectivas diferentes da vida e trocamos cromos {quando eu tinha a tua idade... digo eu... quando eu tiver a tua idade... diz ela}.
Durante a época do Natal pendurámos uns trabalhos dos miúdos pelo tecto da sala e hoje, a M., sem conseguir encontrar um escadote para tirar as ditas decorações do tecto resolveu inventar: colou, com fita-cola, um x-acto a uma régua e, em cima de uma cadeira, lá ia esticando o braço o mais que podia para cortar o fio de nylon e voltarmos a ter uma sala sem Natal.
}Eu{ M.!! Acho isso o máximo! Tiveste um momento à MacGyver!!!
}M.{ Um momento a quê?
}Eu{ MacGyver!!! Não sabes quem é?
}M.{ Não...
E é isto. Pessoas com 25 anos não sabem quem é o MacGyver. Ainda cantarolei a música {tan nan nan nan nan nan nan tan nan nan tan nan nan nan nan nan nan nan nan} mas sem resultado.
É uma bengala para a mesa do canto, ó faxavor!
Ontem, na esplanada, dois teens discutiam. Eu, juro que não queria ouvir, mas acabei por levantar e olhos e olhar para eles.
Teen1 - Opá, não me chateies!!! Já te disse que não!
Teen2 - Fogo!!! Dass!!! Vá lá, anda lá!
Teen1 - Não me chateies!!! Olha, vai ver se eu estou on-line!!!
Achei lindo a substituição do "vai ver se está a chover" ou qualquer coisa do género, pelo "vai ver se eu estou on-line".
Começo a sentir-me velha...
Falta menos de um mês para que cumpra os meus 30 anos. Se estou preocupada? Mais ou menos... Feliz? Nem por isso...
Não olho com grande animação para o facto de ser mais velha e de algum dia chegar mesmo a ser velha! Assusta-me, pronto!
Consigo já ver algumas mudanças no meu corpo e não estou a gostar. Reserva-me o futuro a compra de cremes reafirmantes, estruturantes, antioxidantes e afins? A verdade é que a minha pele já não é a mesma... (estou a ficar deprimida com esta conversa)
Ainda (note-se o ainda)não tenho muitas rugas, as que tenho são de expressão. De rir, de chorar, de me zangar, de me emocionar, de amar, de detestar, de estar feliz, de me sentir desiludida... enfim, de um cem número de coisas que acontecem quando estamos vivos.
Custa-me imaginar a vida sem avós e tias-avós e essas coisas todas, mas como inevitavelmente o tempo passa, o melhor mesmo é não pensar muito no assunto...